Quem até hoje não tentou definir música? Grandes filósofos e estudiosos tentam, a partir de diversos enfoques definir o que é música. Na grande maioria das vezes, o que se observa em inúmeras matérias sobre o tema é a importância da música, mas sua definição é bastante variada, não abarcando de maneira integral todos os elementos desse grande universo.
Pelo léxico, música, vem do latim musica, significa arte que permite ao homem exprimir-se por meio dos sons; qualquer composição musical; ciência dos sons considerada no que diz respeito à melodia, à harmonia e ao ritmo; execução de uma peça musical.
Ocorre que, uma coisa é certa: música é um saber / linguagem, que tanto se utiliza da ciência (pelo menos até certo ponto) como se utiliza da arte. Hoje em dia, acontece até o contrário, a ciência utilizando-se da música para inúmeras pesquisas na área neurológica.
Assim, temos um gênero amplo chamado Música. E, como todo gênero, apresenta várias espécies, entre as quais citam-se: estudo de um instrumento musical (instrumentistas), estudo do canto (cantores solistas ou coralistas), estudo da composição (compositores), estudo de regência coral ou orquestral (regentes ou maestros), estudo dos estilos musicais (intérpretes cantores ou instrumentista), estudo da história da música (musicólogos), estudo sobre a origem étnica da música (etnomusicólogos), estudo da relação música e terapia (musicoterapeutas), e ainda, musicalização (educadores musicais). E, é exatamente sobre a musicalização, isto é, a vivência desse universo musical de forma prática e prazerosa, que pairam grandes equívocos!
Musicalização não significa simplesmente cantar. Cantar é apenas uma das atividades realizadas durante a musicalização, seja ela para o público infantil ou adulto. Musicalização também, não significa levar o aluno ao estudo de um instrumento determinado, para ser um virtuose ou qualquer outra coisa do gênero. Musicalizar é alfabetizar musicalmente a criança, o jovem, o adulto ou idoso, convidando-o a vivenciar o universo da linguagem musical através de inúmeras atividades com objetivo musical.
E, por representar uma das espécies da Música, a musicalização apresenta o universo musical em “miniatura”, cujo trabalho é contemplar inúmeros aspectos físicos (corporal, vocal), artísticos-musicais e sociais, permeando outras linguagens (matemática, idiomas, história, geografia)
Musicalização, portanto, é espécie do gênero Música, onde se é convidado (a) a vivenciar o universo da linguagem musical (incluindo-se os quatro parâmetros sonoros: timbre, duração, altura e intensidade, e também os elementos da música: melodia, harmonia, ritmo, timbre, forma, dinâmica) através de inúmeras atividades (dança, canto, execução de instrumentos, apreciação musical, composição, improvisação, literatura musical, escrita dos sinais musicais, jogos, entre outras) que propiciam o desenvolvimento de habilidades múltiplas.
Quanto aos benefícios, a música interfere na pessoa nos níveis físico, cerebral, emocional e social. Com a música, a pessoa aprende a antecipar, organizar e sincronizar o movimento, é estimulada em sua imaginação e capacidade criativa, além de desenvolver sua capacidade de atenção. Na música podemos perceber, sentir, imitar, criar e refletir. Ela trabalha com nossos sentidos e pode interferir no nosso modo de agir e pensar.
Todos podem aprender música. O conhecimento é desenvolvido em espiral. Quando se é criança, a aprendizagem de símbolos musicais é mais lenta, por requerer abstração. Assim, um adulto consegue espiralar o conhecimento mais rápido, pois já não depende do concreto para a compreensão dos símbolos do sistema musical.
Os grandes pedagogos musicais são unânimes em dizer que, a partir dos três anos de idade já é possível a iniciação musical em um instrumento fixo. Mas isso, não vale para todo e qualquer instrumento. Geralmente, é válido para violino e piano (método Suzuki), por se tratar de crianças de tenra idade.
A musicalização apresenta uma infinidade de instrumentos, atividades e conteúdos referentes ao universo musical. Mas, não desenvolve um instrumentista, especificamente. Por exemplo, na aula de musicalização toca-se piano, mas ninguém aprende a tocar uma peça específica para esse instrumento.
Com certeza, há um valor nas pessoas que tocam e cantam, independente de terem ou não sido educadas musicalmente. Porém, a execução de qualquer música em um instrumento, assim como variadas técnicas vocais e interpretações em canções de diferentes idiomas; somente pertencem àqueles que realmente passaram por uma verdadeira Educação Musical de qualidade.